Barroso deixa o STF e busca visto americano: bastidores revelam crise e temor de novas investigações
13/10/2025 – 13h09
A decisão do ministro Luís Roberto Barroso de deixar o Supremo Tribunal Federal (STF) pegou Brasília de surpresa e acendeu uma série de especulações sobre os reais motivos de sua saída. Oficialmente, Barroso alegou “razões pessoais” para abrir mão de um dos cargos mais poderosos e vitalícios da República — uma vaga que, em condições normais, ele ocuparia até 2033. No entanto, fontes em Washington e Brasília apontam para um cenário bem mais complexo, que envolve pressões internacionais, desconforto político e até tentativas de obtenção de visto para entrada nos Estados Unidos.
Segundo apurações recentes, Barroso teria iniciado um processo para obtenção de um visto americano de longa duração, o que despertou curiosidade entre diplomatas. A coincidência entre a renúncia repentina e a busca pelo documento levantou suspeitas de que o ex-ministro estaria buscando alternativas fora do país, diante de uma conjuntura política e jurídica que pode se tornar ainda mais delicada.
A saída estratégica
Nos bastidores do Supremo, comenta-se que Barroso vinha enfrentando um crescente isolamento. Após o escândalo envolvendo decisões controversas do STF e as recentes revelações sobre Alexandre de Moraes — que abalaram a imagem da Corte no exterior —, Barroso teria avaliado que sua permanência no tribunal seria insustentável.
A decisão de se afastar também teria sido influenciada por pressões indiretas vindas do governo dos Estados Unidos, onde tramitam investigações ligadas à chamada Lei Magnitsky, que permite sanções a autoridades estrangeiras envolvidas em abusos de direitos humanos. Embora não haja confirmação oficial, especula-se que o nome de Barroso tenha sido citado em relatórios preliminares de grupos que monitoram violações de liberdade de expressão e perseguição política no Brasil.
A herança de um ministro polêmico
Durante mais de uma década no STF, Barroso acumulou uma trajetória marcada por decisões e declarações que dividiram o país. Frases como “perdeu, mané” e “derrotamos o bolsonarismo” se tornaram símbolos de uma postura política que, para críticos, violava a imparcialidade que se espera de um juiz da mais alta Corte.
Mesmo dentro do Supremo, colegas teriam demonstrado desconforto com o tom abertamente militante de algumas falas do ex-ministro. Sua saída, portanto, não teria causado surpresa entre ministros e assessores, mas trouxe apreensão sobre o futuro — especialmente porque abre espaço para uma nova nomeação por parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O temor do sucessor
A principal preocupação em Brasília agora gira em torno de quem substituirá Barroso. Entre os nomes mais comentados estão o do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o atual advogado-geral da União, Jorge Messias, conhecido no meio político como “Bessias”.
Messias ficou famoso durante o governo Dilma Rousseff, quando foi citado em uma gravação envolvendo o ex-presidente Lula, no episódio em que o petista foi nomeado ministro da Casa Civil — manobra que, na época, teria o objetivo de lhe garantir foro privilegiado. Desde então, Bessias se tornou um aliado fiel de Lula e, segundo interlocutores próximos, é o favorito do Planalto para ocupar a vaga no Supremo.
Críticos afirmam que sua eventual nomeação representaria a consolidação de um STF ainda mais alinhado ao Executivo, o que ampliaria o poder político de Lula sobre as instituições. “Messias é um servidor leal, mas sem brilho próprio. Justamente por isso é perigoso. Fará tudo o que o governo mandar”, comentou um jurista que acompanhou de perto a trajetória do advogado.
Um futuro incerto
Enquanto Lula prepara a lista de possíveis sucessores, Barroso tenta, discretamente, reorganizar sua vida fora do país. Fontes ligadas ao Itamaraty indicam que o ex-ministro já teria solicitado apoio de diplomatas brasileiros em Washington para tratar de “questões administrativas”, expressão usada frequentemente para disfarçar trâmites migratórios.
Seja qual for o destino do ex-ministro, sua saída marca um ponto de inflexão na história recente do Supremo Tribunal Federal. O tribunal, que vive uma de suas maiores crises de credibilidade, enfrenta agora o desafio de recompor sua imagem diante de um público cada vez mais cético em relação à imparcialidade de seus membros.
A “era Barroso” termina, portanto, sob o peso de polêmicas, suspeitas e um sentimento de desconfiança generalizada. E, como diria a famosa Lei de Murphy — citada em tom irônico por comentaristas nas redes —, o que já está ruim, pode sim piorar.
Se o Palácio do Planalto confirmar Jorge Messias ou Rodrigo Pacheco como novo ministro, o Supremo poderá entrar numa nova fase de subordinação política, consolidando o que críticos chamam de “governo de poder absoluto”, em que Executivo e Judiciário passam a caminhar lado a lado, sem espaço para contrapesos ou independência institucional.
Entre renúncias, vistos e articulações, uma certeza se impõe: a saída de Barroso não encerra uma crise — apenas inaugura outra, talvez ainda mais profunda.